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Justiça Bloqueia Dinheiro de Empresas de Ex-Policial Envolvido com Tráfico e Lavagem de Dinheiro

Ex-membro do BOPE, Ronny Pessanha de Oliveira, é acusado de lavagem de dinheiro e treinamento para traficantes.

O ex-PM do Bope Ronny Pessanha de Oliveira foi preso suspeito de treinar traficantes do Comando Vermelho — Foto: Reprodução
O ex-PM do Bope Ronny Pessanha de Oliveira foi preso suspeito de treinar traficantes do Comando Vermelho — Foto: Reprodução

A Justiça determinou o bloqueio de um total de R$ 5 milhões movimentados, em menos de um ano, por duas empresas do ex-PM do Bope Ronny Pessanha de Oliveira. Após ter tido a prisão temporária decretada, ele foi detido pela polícia nesta segunda-feira, na Favela da Muzema, na Zona Oeste do Rio, por suspeita de dar treinamento de táticas militares aos traficantes do Comando Vermelho (CV). Apelidado de Caveira, o ex-PM também é suspeito de usar uma empresa de vigilância patrimonial e outra de loteamentos para lavar o dinheiro obtido com os negócios irregulares que mantinha com o tráfico.


Ronny Pessanha foi preso durante a Operação Contenção, deflagrada nesta segunda-feira pela Polícia Civil, e que contou também com apoio da Subsecretaria de Inteligência da PM. Segundo o delegado Jefferson Ferreira, da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), o ex-militar foi integrante da milícia da Muzema. Após o tráfico dominar o local, ele trocou de lado e passou a dar treinamento aos traficantes na comunidade. Em troca, recebeu autorização para explorar de forma violenta empreendimentos imobiliários no local.

Segundo o secretário estadual de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, o ex- PM também é suspeito de envolvimento em dois assassinatos ocorridos na Muzema.


— Nós pudemos perceber, com investigações da Polícia Civil, especificamente com essa investigação da Delegacia de Roubos e Furtos, que, com o auxílio desse ex-policial, que antes integrava grupos milicianos e passou a integrar a facção criminosa Comando Vermelho, ele passou a treinar literalmente, com seus conhecimentos, traficantes que participavam e continuam participando dessa ofensiva expansionista, dessa guerra pela disputa territorial — detalhou Curi. — Além disso, ele, na região da Muzema, passou a expulsar moradores e colocava outros moradores ali, inclusive há suspeitas de que ele teria matado e participado da morte de duas pessoas responsáveis ali por alguns condomínios da Muzema.


O ex-PM do Bope Ronny Pessanha de Oliveira foi preso suspeito de treinar traficantes do Comando Vermelho — Foto: Reprodução / Instagram
O ex-PM do Bope Ronny Pessanha de Oliveira foi preso suspeito de treinar traficantes do Comando Vermelho — Foto: Reprodução / Instagram

Além do bloqueio de R$ 3 milhões de duas empresas do ex- PM, a Justiça também determinou que outros R$ 2 milhões movimentados pela mãe de Ronny, que é sua sócia, também fossem bloqueados. Carros de luxo que também estariam em nome de Ronny e da sócia são alvos de mandados de busca e apreensão. Ao todo, o Tribunal de Justiça expediu 22 mandados deste tipo para serem cumpridos em endereços ligados ao ex-policial.


— O Ronny contava com o apoio do sócio da empresa dele, na verdade, uma sócia, que também praticava atos de administração e atos de ocultação dos valores, como a aquisição de veículos de luxo. Ele tem um veículo avaliado em quase R$ 300 mil em nome dessa sócia, que foi alvo de investigação. E, além disso, a gente ficou, apurou ali no inquérito, que ele dialoga com diversas comunidades, todas dominadas pela mesma facção — explicou o delegado da DRF.


Ex-PM é investigado também por lavagem de dinheiro


O ex-PM também é investigado por lavagem de dinheiro, realizada por meio de uma empresa de vigilância patrimonial usada como fachada para movimentações financeiras ilegais. A prisão ocorreu na primeira fase da Operação Contenção.


Além do envolvimento no tráfico, Ronny Pessanha de Oliveira, que é conhecido como Caveira, é acusado de controlar de forma violenta empreendimentos imobiliários nas favelas da Muzema e de Rio das Pedras, na Zona Oeste. E ainda atuava em outras duas comunidades na Zona Sul: Cruzada São Sebastião e Vidigal. De acordo com a polícia, o ex-PM usava armamento pesado para expulsar moradores e tomar posse de imóveis. Ele foi expulso da Polícia Militar.


Imagens de maços de dinheiro, que seriam fotos de quantias obtidas de forma ilegal pelo ex-caveira, também estão anexadas ao inquérito da DRF. Além de explorar o ramo imobiliário ilegal na Favela da Muzema, o ex-PM Ronny Pessanha de Oliveira também usaria áreas da comunidade, que tem maior parte dos territórios controlado pelo Comando Vermelho, para dar instruções aos traficantes do bando, entre eles homens cedidos por chefes de outros morros e favelas para participar de tentativas de tomada de Rio das Pedras. Segundo as investigações, traficantes do Complexo da Penha, onde integrantes da cúpula do CV costumam ficar escondidos, também mantinham contato com o ex-caveira.


Numa mensagem, datada do dia 27 de fevereiro, um bandido do Complexo da Penha, que teria recebido instruções do ex-PM, diz que policiais militares tiveram dificuldades para entrar no conjunto de comunidades, durante uma operação realizada dias antes. Na ocasião, houve troca de tiros. Um policial foi baleado e três suspeitos acabaram sendo mortos. " Aqui na Penha nem conseguiram passar da barricada. Passou vergonha, irmão.

Nem saímos da Rua A. No Complexo, o coro(sic) comeu. Morreu (sic) uns amigos lá", dizia um trecho do texto enviado para o telefone de Ronny.


Além da DRF, também participaram da operação delegacias distritais vinculadas ao Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC) e unidades do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) . Entre os locais onde os mandados de busca e apreensão foram cumpridos estão as comunidades da Muzema, da Tijuquinha, do Morro do Banco e do Sítio do Pai João, entre outras localidades.


Segundo a Polícia Civil, a Operação Contenção busca atingir diretamente os principais responsáveis pelo comando das atividades criminosas na Zona Oeste, interrompendo o fluxo de dinheiro, de drogas e de armas que sustentam o Comando Vermelho.


O ex-PM Ronny Pessanha de Oliveira foi expulso pela PM havia sido preso pela última vez, em março de 2024 . Na ocasião, ele estava com um revólver, num automóvel Mercedes Benz, sendo solto após o pagamento de uma fiança. Ele já havia sido acusado anteriormente por uma vítima de ter extorquido R$ 50 mil e de ter a forçado a passar quatro apartamentos para nome de outra pessoa, em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.

A informação consta na decisão da desembargadora Gizelda Leitão Teixeira, da 4ª Câmara Criminal do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, que no último dia 7, negou pedido de liminar com nulidade da denúncia e da ação penal responsável por gerar a condenação do ex-militar a uma pena de cinco anos e sete meses por crime previsto na Lei de Organizações Criminosas.


Ronny Pessanha também chegou a ser denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por envolvimento na quadrilha de milicianos de Rio das Pedras. Em 2020, ele foi acusado de integrar o bando chefiado poro Taylon de Alcântara Pereira Barbosa, que está atualmente preso.


Pessanha foi lotado no 9º BPM (Rocha Miranda), no Batalhão de Operações Especial (Bope) e também no 41º BPM (Irajá), até ser expulso da corporação, em setembro de 2023, após um processo sumário ser instaurado pela corporação.



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